Sobe para três o número de casos suspeitos de intoxicação por metanol no Vale do Paraíba; são dois pacientes em São José e um em Jacareí
04/10/2025
(Foto: Reprodução) Sobe para três o número de casos suspeitos de intoxicação por metanol no Vale do Paraíba
Reprodução/TV Anhanguera
Subiu para três o número de casos suspeitos de intoxicação por metanol no Vale do Paraíba, segundo o Ministério da Saúde. São dois pacientes com sintomas de intoxicação em São José dos Campos e um em Jacareí. A informação foi confirmada pelo órgão na tarde deste sábado (4).
Nesta sexta-feira (3), o Ministério havia divulgado o primeiro caso suspeito em São José. Segundo a prefeitura, se trata de uma mulher de 47 anos que mora na cidade, mas trabalha em Minas Gerais. Ela começou a passar mal após beber gin em uma cidade mineira. A mulher recebeu alta e se recupera em casa - leia mais abaixo.
Até o momento, ainda não há informações sobre o estado de saúde do segundo paciente de São José. O g1 acionou a Prefeitura sobre o caso e aguarda retorno.
Segundo a Prefeitura de Jacareí, o primeiro paciente com suspeita de intoxicação na cidade é um homem de 26 anos, que mora no Jardim Bela Vista. Ele bebeu cachaça, teve sintomas característicos de intoxicação por metanol e buscou ajuda na UPA Dr Thelmo de Almeida Cruz nesta sexta-feira (3).
O homem tinha náusea, vômitos e dor abdominal, entre outros sintomas, e foi transferido da UPA para um hospital. Ele está internado na UTI da Santa Casa da cidade. Com quadro estável, a expectativa é que ele receba alta em 48 horas.
Ainda segundo a Prefeitura de Jacareí, "todos os cuidados para combater o impacto das substâncias foram adotados". A equipe chegou a buscar o antídoto para a intoxicação na capital, mas não foi necessário fazer o uso, até o momento.
A prefeitura de Jacareí afirmou que a suspeita é de que a cachaça contaminada tenha sido consumida em um local da cidade e que o líquido já foi apreendido para análise. A confirmação laboratorial da presença de metanol será feita pelo laboratório indicado pela Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, responsável pelas análises toxicológicas específicas.
Nesta sexta-feira (3), antes da divulgação de que havia um caso suspeito na cidade, um força-tarefa interditou adegas, prendeu duas pessoas e apreendeu bebidas alcoólicas em Jacareí. A operação foi feita para combater a venda de bebidas falsificadas ou adulteradas - leia mais clicando aqui.
De acordo com o Ministério da Saúde, esses três casos são os únicos em investigação no Vale do Paraíba, Serra da Mantiqueira, Litoral Norte e região bragantina.
Em todo o estado de SP, são 162 casos - 14 confirmados e 148 em investigação. O estado paulista já soma duas mortes por bebida contaminada com metanol.
🔍 O metanol é um álcool usado industrialmente em solventes e outros produtos químicos, é altamente perigoso quando ingerido. Inicialmente, ataca o fígado, que o transforma em substâncias tóxicas que comprometem a medula, o cérebro e o nervo óptico, podendo causar cegueira, coma e até morte. Também pode provocar insuficiência pulmonar e renal.
A Polícia Civil de São Paulo investiga se os casos de intoxicação por metanol têm como origem garrafas de bebidas destiladas higienizadas com a substância. Esta é a principal linha de investigação das autoridades.
Segundo fontes ouvidas pela TV Globo, fábricas clandestinas estariam usando metanol — ou etanol batizado com metanol — para limpar e desinfectar garrafas — possivelmente vazias e falsificadas — antes do envasamento das bebidas.
São José tem caso suspeito de intoxicação por metanol
1º caso suspeito em São José
Por meio de nota, a Prefeitura de São José informou na noite desta sexta-feira (3) que a primeira paciente com suspeita de intoxicação por metanol da cidade é uma mulher de 47 anos. A mulher recebeu atendimento no Hospital Municipal, já teve alta e está "bem, sem riscos à saúde", segundo a prefeitura.
De acordo com a Secretaria de Proteção ao Cidadão, que está fazendo as fiscalizações relacionadas ao comércio de bebidas adulteradas, a mulher mora em São José dos Campos, mas trabalha em Minas Gerais e passou mal após tomar gin na cidade mineira Juatuba, apresentando sintomas de intoxicação após o consumo.
"A paciente tem 47 anos e relata que comprou gin em um mercado em Minas Gerais e que no dia 28/09 teve sintomas como cólicas abdominais, cefaleia, diarreia e mal-estar geral, fazendo uso de dipirona sem melhora significativa. De volta a São José, ela procurou atendimento médico no Hospital Municipal devido à persistência dos sintomas. Ela foi internada para realização de exames e já teve alta", informou a prefeitura em nota.
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Infográfico: o impacto do metanol no corpo humano.
Arte/g1
O que é o metanol e por que ele oferece risco à saúde
Diferentemente do etanol — que está presente nas bebidas alcoólicas comuns —, o metanol não é seguro para consumo humano. Sem cheiro, cor ou sabor característicos, pode ser misturado ilegalmente a bebidas sem que o consumidor perceba.
Quando ingerido, o organismo o processa o metanol no fígado, onde se transforma em substâncias altamente tóxicas, como o ácido fórmico.
Os efeitos aparecem rapidamente: visão borrada, tontura, dor abdominal, respiração acelerada e, em casos mais graves, cegueira irreversível, falência de órgãos e morte.
A gravidade depende da quantidade ingerida e da rapidez do atendimento médico, já que o tratamento é considerado uma corrida contra o tempo.
Na última semana, diferentes estados registraram suspeitas de intoxicação por metanol em bebidas alcoólicas adulteradas.
Diante do aumento de ocorrências, o Ministério da Saúde instalou uma Sala de Situação nacional para coordenar as ações com Anvisa, vigilâncias sanitárias estaduais e municipais, além de órgãos como Ministério da Justiça e Ministério da Agricultura.
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Reprodução/TV Globo
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